Consciência ou Concentração?

Pergunta: Ultimamente me encontro uma e outra vez com a ideia de que é bom realizar qualquer atividade de maneira consciente, quer dizer, não de uma maneira automática ou mecânica. Mas quando me concentro em algo por muito tempo, como quando trabalho diante do computador, sinto mais cansaço que alívio. Dá na mesma fazer algo com total concentração que fazê-lo de maneira consciente?

Muitas das atividades as que devemos nos dedicar hoje em dia requerem nossa total atenção. Enquanto as concluímos deixamos de estar atentos ao nosso entorno porque estamos completamente concentrados no que fazemos, quer dizer que deixamos de ser conscientes do que acontece ao nosso redor. A imagem seguinte, na que alguém está tão concentrado que não é capaz de se preparar ao menos um chá, é um bom exemplo.

Uma menina muito concentrada

No entanto, atuar de maneira consciente e experimentar plenamente o aqui e o agora é outra coisa. Osho, como sempre, o explica de maneira clara e bela:

Quando você caminha pela rua, você pode caminhar conscientemente – isso é o que Buda diz que você teria que fazer – você está alerta, no profundo está atento a seu caminhar, está consciente de cada movimento. Está consciente dos pássaros que cantam nas árvores, do sol cedo na manhã atravessando as árvores, dos raios que lhe tocam, do clima ameno, do ar fresco, da fragrância das flores recém abertas. Um cachorro começa a latir, um trem passa adiante, você respira… você está observando tudo.

Não está excluindo nada do seu estado de alerta; você está absorvendo tudo. A respiração penetra, a respiração sai… você está observando tudo o que acontece. Não é concentração, porque na concentração você se enfoca numa coisa e se esquece de tudo mais. Quando você está concentrado não escuta o zumbido das abelhas ou o canto dos pássaros, só vê aquilo no que se concentra.

A concentração consiste em reduzir sua consciência a um ponto. É boa para lançar uma flecha: você tem um branco e tem que ver só o branco e se esquecer de tudo mais. Mas quando falo de consciência não se trata da consciência que se precisa para que a flecha acerte no branco. Falo de um fenômeno totalmente diferente: Uma consciência difusa, não concentrada, porque a concentração é esgotadora, tensa e cedo ou tarde você cairá na inconsciência. Qualquer coisa que canse não se poderá manter por muito tempo.

Osho
Osho, um mestre polêmico.

A consciência tem que estar relaxada: tem que ser o equivalente a uma abertura. Você simplesmente está aberto a tudo o que está acontecendo. Estou falando com você, e o trem passa perto, e os pássaros cantam ao longe… e você está consciente de tudo isso. Você está aberto a todas as dimensões do seu ser. Simplesmente está aberto e vulnerável, alerta, sem estar dormindo. Isto é consciência, e seu oposto é a inconsciência: você não está aberto absolutamente, está fechado.

Você não pode ser sábio ao menos que se torne consciente, ao menos que rompa com esse velho hábito de funcionar de maneira inconsciente. Você tem que deixar de ser um autômato.

Há coisas simples para aprender o truque. Por exemplo, você sempre caminha depressa. Comece a caminhar devagar. Terá que estar alerta. No momento em que perder a atenção começará novamente a ir depressa. Estes são pequenos recursos: Caminhe devagar, porque ao fazê-lo terá que estar consciente. Uma vez que perca a consciência, o velho hábito o pegará imediatamente e você irá depressa.

Dói aceitar que “estou inconsciente”, mas o primeiro ato de um ser consciente é aceitar que “estou inconsciente”. A mesma aceitação dispara em você um processo.

Osho

Tradução de Ana Lúcia de Melo

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